Sobre a manifestação de 12 de Março e as suas possíveis (in)consequências


Vou participar. Vou participar porque há muito vejo a necessidade de muitos jovens, e não só, acordarem acordarem do marasmo em que vivem desde que, pelo menos, atingiram a maioridade e passaram a ter uma palavra a dizer sobre quem nos governa e para onde querem que o país caminhe.

Uma grande parte (talvez uma larga maioria) optou por uma espécie de algoritmo da avestruz: “(…) to stick your head in the sand and pretend that there is no problem.” Mesmo os que entendiam que havia problemas optaram por pensar que pouco poderiam mudar com o seu “insignificante” voto, ou simplesmente seguiram a filosofia “os políticos são todos iguais”.

Foi preciso uma música para ajudar muita gente a acordar e perceber que há muita coisa que não está bem e que afinal pode haver algo que se possa fazer para mudar isso. Imagino que lá no fundo os acontecimentos recentes no Magrebe tenham ajudado a essa nova perspectiva. “Se a população de países não democráticos consegue fazer cair regimes sem recorrer às armas, por que razão não poderemos nós mudar o rumo do nosso país que é uma democracia?” “Democracia” é a palavra chave. A principal e mais legítima forma do povo mostrar o seu (des)agrado é o voto. Se a classe política e, principalmente, os partidos que partilharam o poder nos últimos quase 37 são responsáveis pelo estado a que chegamos, cada um de nós também tem a sua quota parte de responsabilidade. Certamente muitos dos que se irão manifestar já votaram no PS ou PSD, grupo no qual me incluo, e muitos outros simplesmente abstiveram-se em algumas ou muitas eleições.

Ora, para que este evento seja um sucesso é preciso muito mais do que a presença de 20, 30, 50 ou 100 mil pessoas nas várias manifestações que irão decorrer no país. É necessário que estes mesmos milhares de pessoas continuem a ter uma participação cívica activa. É fundamental que, acima de tudo, votem. Não apenas nas próximas eleições, mas em todas. Em democracia este é o principal meio de “protesto”. Viu-se nas presidenciais, há apenas dois meses, que houve mais de 50 % de abstenção. Mais uma vez muita gente achou que não valia a pena votar. Ter votado em Janeiro teria sido tão ou mais importante do que sair à rua no dia 12.

No entanto, nunca é tarde para mudar. Para que mude alguma coisa no país, para que mude quem nos governa é preciso que primeiro as pessoas mudem de atitude. É por ter esperança que algo possa mudar que vou sair de casa dia 12.


2 comentários a “Sobre a manifestação de 12 de Março e as suas possíveis (in)consequências”

  1. concordo em parte com o que tu escreves no post.
    Servirá como ponto de partida para algo maior penso eu, mas esse “algo maior” terá de ser necessariamente ser uma mudança de mentalidades, uma maior “proactividade”, mais sacrifício..já toda a dita geração rasca (a dos anos 80) percebeu que não basta confinar-se ao seu país de origem! temos de ser cidadãos do mundo por muito que isto nos custe! ter uma reforma quando tivermos 60 ou 65 é algo que vai depender EXCLUSIVAMENTE de nós próprios!
    Não contem com o ESTADO ou GOVERNO ou SEGURANÇA SOCIAL! por favor, mantenham os olhos abertos, está mais que visto que isto é uma selva (no bom sentido do termo)!
    pensem por vós próprios e nos vossos! os próximos tempos serão de incrível egoísmo, acreditem! é a realidade pura e dura !!!

  2. @nuno, sim 12 de Março é um ponto de partida que como disse só será um sucesso se algo mudar principalmente naqueles que vão à manifestação e naqueles que estão solidários com ela e percebem a sua importância. Como dizes neste momento não podemos/devemos contar com o estado para muita coisa. No entanto, o Estado tem de cumprir o seu papel e neste momento não é isso que acontece.

    Ninguém tem de ser obrigado a sair do país para ter uma vida decente. Neste momento é muito difícil conseguir-se uma vida estável e condigna em Portugal, principalmente para os jovens.

    O caminho que o governo está a traçar só está a criar mais dificuldades no país, nem é preciso dizer quais.

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