Sobre os resultados das legislativas


Vou fazer aqui um pequeno apanhado de algumas coisas que me passaram pela cabeça depois de conhecidos os resultados das eleições. Desse por onde desse, dificilmente os resultados seriam bons, a meu ver. Mas infelizmente foram piores do que esperava. A ordem dos pontos não é necessariamente a sua ordem de importância.

  • Quando quase metade (eleitores fantasma à parte) dos eleitores num país não vota nas eleições mais importantes dos últimos tempos, começo a pensar se a Democracia é mesmo o regime que os portugueses querem. Podem espernear, esbracejar e gritar que esta não é a Democracia que querem, mas a verdade é que a abstenção não contribui absolutamente nada para mudar este regime. Pelo contrário, apenas acelera para a sua degradação progressiva. Esperemos que, quando um dia o regime morrer, não seja para dar lugar a um bastante pior.
  • Quem não se revê em nenhum partido, vai-me desculpar, mas com 17 partidos a concorrer a umas eleições certamente que concordaria com alguma coisa que defende algum deles. Caso contrário certamente o que quer é um partido com o seu nome e que defenda apenas os seus interesses pessoais, contra tudo e contra todos.
  • Uma palavra para os meus Açores, onde a abstenção foi de quase 60%, como já tinha sido nas presidenciais. Numa altura em que o corte é a palavra de ordem, e onde a redução do número de freguesias e autarquias é certa, é preciso pensar que, dado o inevitável agravamento da situação do país depois de 1 ou 2 anos de troika, há muita boa gente que vai defender ainda mais cortes e reduções, como está a acontecer na Grécia. Só quero lembrar que as Autonomias não são baratas, com o seu Parlamento e a máquina governativa. Somos alvos fáceis do populismo, do centralismo de muita Direita (olá Marques Mendes, e Cavaco Silva) e da austeridade.
  • A Direita encontrou os seus culpados pela crise: o Estado e os que recebem apoios sociais. A enxada vai ser entregue a muita gente, mas vão certamente esquecer-se que, sem terra para trabalhar, esta de pouco serve.  A Direita conseguiu por o remediado contra o pobre, deixando o milionário fora da equação, como se este estivesse a um nível superior, imune aos problemas mundanos. Infelizmente muita gente votou contra si ao votar PSD/CDS, mesmo sabendo das consequências do seu acto, já que o programa da troika é claro como a água. Resta saber, quando a inevitável realidade cair sobre nós, se toda esta gente irá continuar segura da sua opção.
  • A Esquerda não conseguiu passar a sua mensagem, principalmente o Bloco de Esquerda. Muita gente também não a quis ouvir. Espero que se reflita verdadeiramente sobre estes dois factos. Apesar disso é preciso continuar a lutar para construir um país onde a justiça social seja mais do que uma utopia abandonada. Sei que vou estar representado na Assembleia e acredito que os 8 deputados eleitos pelo partido em que votei vão defender os valores em que acredito.

4 comentários a “Sobre os resultados das legislativas”

  1. ‎”A Direita conseguiu por o remediado contra o pobre, deixando o milionário fora da equação”.
    E esse é um grande problema. Para a maioria das pessoas com quem lido no dia a dia, o subsidio de desemprego e os apoios aos ciganos são o alvo a abater.
    Não que não haja coisas a melhorar, mas esses problemas do dinheiro que foge por baixo são “peanuts” quando comparados com o problema do dinheiro que foge por cima.

  2. Ora aí está. Toda a gente sabe que há muito a melhorar nos apoios sociais, mas acabar com eles progressivamente só vai criar um país pior. As pessoas vêm todos os dias é o seu vizinho, não metem os olhos em cima de quem está no topo da sociedade e assim culpa-se quem vive ao nosso lado. Aqui há uns anos também pensava-se que o Sol girava em volta da Terra…

  3. Infelizmente por cá só PSD e PS. E os cabeças de lista são sem comentários: Mota Amaral pelo PSD e Ricardo Rodrigues pelo PS. Ainda falta um longo caminho para ter um deputado pelos Açores, do BE, na AR. Aliás, haveria muito para comentar sobre os dois cabeças de lista pelo PS e PSD mas isso daria um outro post muito longo 🙂

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