O PS veio a semana passada anunciar que a praia da Ribeira Quente ia ser reaberta esta semana. Para além de não perceber porque é que é o PS a fazer esse anúncio e não o Governo, o anúncio contém algumas frases que parecem querer atirar areia (nem de propósito) para os olhos de quem se preocupa com o que ali foi e está a ser feito.

A páginas tantas lê-se:

não estão ser colocados detritos no extremo da Praia do Fogo da Ribeira Quente, mas apenas os remanescentes da regularização do talude dessa praia, e tendo em conta que a Praia é alimentada com o resultado da erosão deste talude, não há a qualquer adição artificial ao local.

Não tenho palavras para classificar esta afirmação. Dizer que não há uma adição artificial ao local quando são depositadas toneladas de detritos na praia é, para ser franco, um autêntico disparate. Até que praia fosse constituída maioritariamente pelos mesmos materiais da arriba (que não é) uma adição tão grande de detritos (solo, pedra-pomes, principalmente) não é um acontecimento natural e haverão sempre consequências. É possível ver claramente, nesta foto mais antiga já aqui publicada, que a cor da constituição da falésia é bastante diferente da cor da areia. Sinal que são materiais bastante diferentes,

O local de depósito foi selecionado por estar no contexto e na bacia da Praia do Fogo, por ser seguro e pelas correntes oceanográficas estimularem a progressiva distribuição destas areias naturalmente pela praia.

O local de depósito é o extremo Oeste da praia onde há uma zona de baixios que é muito rica em vida marinha. Portanto, um local muito sensível. Mais uma vez chamam-se “areias” a solo e pedra-pomes (para além de chamarem correntes oceanográficas às correntes oceânicas). O que o PS, e suponho que o governo também, faz é reafirmar como correcto aquilo que os Amigos dos Açores, O Bloco de Esquerda/Açores e, já agora, eu próprio condenei: a deposição de materiais retirados da falésia no areal e no mar. Esses materiais não são, nem nunca foram, areia.