Os resultados eleitorais


Passado o período eleitoral regresso ao artigos semanais no jornal que me acolhe. Não poderia este primeiro artigo, após o interregno, deixar de ser sobre os resultados eleitorais.

O Partido Socialista venceu as eleições e formará governo, como não poderia deixar de ser. A direita recua significativamente fruto da sua desorientação estratégica destes últimos anos. Quem espera, desespera… e a espera pelo “diabo”, que nunca chegou, deixou a direita totalmente fora de si.

O Bloco consolida-se como a terceira força política no país, mantendo o número de deputadas e deputados eleitos.

É, por isso, claro que existe uma maioria social que considera que o caminho não é o do empobrecimento nem da constante perda de direitos. O programa do Bloco não foi o mais votado, mas temos a obrigação de o defender e de procurar implementá-lo, não abdicando daquilo que é essencial e que quem depositou a sua confiança nele espera.

A defesa dos direitos laborais, a resposta à emergência climática, o investimento público e a recuperação de setores estratégicos para o desenvolvimento do país. Tudo isto não é trabalho para uma só legislatura, é para muito mais. De que forma o Bloco de Esquerda o fará, os próximos dias ou semanas dirão.

Nos Açores, os resultados eleitorais não diferiram nos três partidos mais votados.

O Bloco consegue, nos Açores, e pela terceira eleição de âmbito nacional consecutiva, ser a terceira força política, desta vez obtendo o melhor resultado eleitoral de sempre em termos percentuais. É certo que perdemos votos, tal como perderam quase todos os principais partidos. Das três principais forças políticas nesta eleição nos Açores, o Bloco foi, ainda assim, o que, comparativamente, perdeu menos votos.

O Bloco fez uma campanha de propostas claras. Assumimos as nossas posições sobre todos os principais assuntos debatidos na campanha, tendo elas sido incluídas no programa eleitoral nacional. O mesmo não podem dizer os partidos que elegeram deputados cujos programas nacionais pouco ou nada dizem sobre o que defendem para os Açores.

Não conseguimos eleger, é certo. Mas vamos diariamente trabalhar com o nosso grupo parlamentar eleito para colocar em prática, sob a forma de propostas, este mesmo programa eleitoral. 

Este é o melhor contributo que podemos dar para a defesa dos interesses dos Açores e até para combater a abstenção. Os motivos para tão grande desinteresse pelos atos eleitorais nos Açores serão, com certeza, alheios à falta de concretização do que se apresenta em campanha.

Mais do que avaliações paternalistas sobre quem decide não decidir, é preciso que se lute, a cada dia, pela concretização do que se defende e é isso que o Bloco de Esquerda/Açores fará com os 7,97% dos votos que teve nos Açores. Eles não serão desperdiçados.

Cada ato eleitoral é único e irrepetível, ainda mais quando se tratam de eleições para órgãos diferentes. Mas o resultado obtido pelo Bloco nos Açores não pode deixar de ser fonte de ânimo e alento para o futuro. E o futuro já começou.