Compromissos eleitorais e a falta deles


Está em curso a pré-campanha eleitoral para as legislativas que se realizam a 30 de janeiro. Este período tem sido, como é normal, marcada pelos debates. Estes são momentos fundamentais de clarificação, de confronto de projetos diferentes e de programas políticos para o futuro próximo.

Os debates e a campanha têm demonstrado, por parte do Partido Socialista e de António Costa, a exigência de uma maioria absoluta, desejo que já tinha verbalizado em 2015, que tentou concretizar em 2019 e que em 2022 procura novamente, numa derradeira tentativa.

A essa exigência, que se repete debate após debate, o Bloco tem respondido com a responsabilidade de sempre e a disponibilidade para encontrar soluções para o país.

Catarina Martins, preparada e segura, tem apresentado as razões fortes e os compromissos claros do Bloco nesta campanha. Com esses compromissos procuramos um caminho de desenvolvimento e progresso e um acordo para o país, que não é possível neste momento sem a força do Bloco.

À direita encontramos um PSD enredado pelos argumentos da extrema-direita, tentando até fingir que esta é moderada, não perdendo uma oportunidade de deixar todas as portas abertas a alianças com o Chega, desde que estas não se designem por “coligação”. É uma questão de forma.

Como se viu nos Açores em novembro de 2020, o PSD e o CDS são capazes de dar o dito por não dito e fazer alianças com a extrema-direita, submetendo-se a todo o tipo de chantagens e humilhações públicas para chegarem ao poder e lá se manterem. O que se passa nos Açores não fica nos Açores e um voto na direita pode significar colocar a extrema-direita no poder. É abrir a porta a políticas de ódio, discriminatórias e a todo o tipo de ataques aos serviços públicos e aos apoios sociais. É permitir atirar para a pobreza extrema milhares de pessoas, principalmente crianças e idosos.

Nos Açores temos tido uma campanha em que se nota fraco empenho de vários partidos em encontrar soluções para os Açores. Essa desistência para com os Açores fica ainda mais evidente ao lermos os programas eleitorais nacionais da vasta maioria dos partidos.

Alguns partidos, como PS ou PSD, apresentam apenas algumas medidas genéricas ou pouco concretas. Outros ignoram a própria existência de regiões autónomas, como a CDU, o PAN ou o Chega. Seja por esquecimento, por opção ou por serem avessos à existência de regiões autónomas, como é claramente o caso do partido de extrema-direita. Esse é um sinal de que os Açores e a autonomia contam pouco para demasiados partidos.

Mota Amaral, primeiro presidente do governo regional disse recentemente, referindo-se à possibilidade de criação de partidos regionais, que “o que importa realmente é termos voz nos grandes partidos nacionais.” Concordo com essa perspetiva. É também por isso que me dediquei a ler os programas eleitorais nacionais dos partidos. Cheguei à conclusão que a grande maioria dos partidos dos Açores têm pouca ou nenhuma influência nos partidos nacionais. Mesmo nos grandes partidos, como PS e PSD essa voz reflete-se apenas em poucas e generalistas propostas.

Contrasta com esse cenário a clareza dos vários compromissos para com a autonomia e os Açores que o Bloco assume no seu programa eleitoral nacional. A esses compromissos do Bloco a Jéssica Pacheco tem dado voz com clareza, competência e convicção. Os açorianos e açorianas sabem com o que contam e com quem contam. Sabem que podem contar com o Bloco.